sábado, 11 de fevereiro de 2012

A linha tênue


           Essa linha tênue que separa o hoje do amanhã e a vida da morte, encontra-se presente
                  em todos os momentos da nossa existência. Você como profissional da saúde
                  tem que saber como agir ao se deparar com o transpasse de um para o outro
Um dos temas que todos no planeta terra não gostam de falar sobre ou conversar, é a morte.Ela está presente em todos os nossos dias, ela e a vida são como irmãs gêmeas, quando possuem as mesmas características corporais, mas com objetivos e sentidos diferentes. Nesse exato momento alguém esta nascendo, mas também esta morrendo. Nesse exato momento alguém esta recebendo a notícia que sua doença não terá cura e que a morte é uma questão de tempo. Como lidar com situações tão graves, aonde o físico e psicológico são atingidos de forma tão brutal. A forma dos pacientes em lidar com esse tipo de situação serão diferentes, visto que cada ser humano encontra em si uma maneira de enfrentar essa circunstância. No entanto você profissional da Hotelaria ou hospitalidade, como tem lidado com esse assunto e você equipe de enfermagem? Médicos? Temos todos nós com o passar dos dias nos acostumado com a idéia de que morrer é mais um acontecimento normal dentro da rotina? Que o afastamento inevitável como profissional, faz chegar ao ponto de não sentir o mínimo de condolência em um momento tão delicado como esse?
 É de larga importância que os hospitais tenham isso em mente, a morte deve sim ser uma coisa da qual não podemos tratar como o pesar de todos os pesares da humanidade, mas que, no entanto seja tratado de forma digna por todos os que estão envolvidos no processo. Desde a constatação da morte até o enterro ou cremação.
Como a Hotelaria, Hospitalidade e Humanização poderiam entrar nesse tema tão delicado? Bem nos aspectos ligados aos serviços, o que o hospital pode oferecer aos entes que sofrem com essa perda, ou com o processo da mesma? A visita de um padre ou pastor, dependendo da religião, parcerias com funerárias, indicação de locais próximos aos hospitais aonde o velório possa ocorrer. O apoio da Hotelaria com relação ao processo realizado, no caso pode ser entregue aos acompanhantes uma lista dos documentos necessários para esse processo, um prospecto detalhado do que se fazer nesses casos, assim como o acolhimento, quando possível, dos acompanhantes em uma sala especial para esses tipos de acontecimento, isolando assim a chance de aborrecimentos ou situações que possam ser constrangedoras para os acompanhantes ou até mesmo quem se encontra internado. Pode parecer estúpido, mas muitas pessoas não sabem o que fazer ou a quem recorrer, normalmente devido à situação ficam atordoadas e perdidas Vocês podem ficar chocados com o que eu vou falar, mas é verdade, morrer hoje em dia é caro e dá muito trabalho, o processo como um todo é extremamente desgastante para os envolvidos e demanda agilidade e muito tato das pessoas que estão acompanhando o caso.
Aiiii vocês pensam: ”Afff essa menina fala isso, só porque acompanhou os casos no hospital, nem sabe o que esta falando.” Bem como a maioria, que perdeu um ente querido, isso também aconteceu comigo nesse final de semana, e tudo isso ficou passando na minha cabeça ao longo desse processo todo. Foi a primeira vez em 25 anos de existência que eu acompanhei todo o processo, desde a ligação, até a cremação. Com esse fato eu fiquei pensando como pessoa que esta no processo, o que eu gostaria que as pessoas do hospital em questão, pudessem me dar de assistência, ou fazer com que todo esse processo pudesse ser amenizado. Como por exemplo o fato de pessoas que desejam ser cremadas, além da autorização da família, no atestado de óbito é necessário o carimbo de dois médicos, para a liberação desse processo. Esse é um dos procedimentos importantes a serem esclarecidos, porque para quem não sabe, e a atendente que libera esse documento, pode não perguntar, deixa passar e quando os familiares vão ver, eles têm que voltar ao hospital para  pegar esses dois carimbos, um transtorno imenso, se dados assim já são esclarecidos desde o começo.
Um dos momentos mais dolorosos além de receber a notícia, é quando se fecha o cachão, porque é quase que nesse momento que de fato todos percebem que essa pessoa não estará mais presente, que a sua presença não fará mais parte do seu cotidiano, que suas roupas devem ser doadas, ou guardadas, para não causar um sofrimento maior. Onde sua risada e seus trejeitos únicos não estarão mais presentes. Um acompanhamento dos profissionais da psicologia, nesse momento é bastante importante, conversar com familiar no dia e ter um pós, ligar para esse familiar para um segunda conversa. É necessário que os hospitais e seus colaboradores possam abordar esse processo da forma mais confortadora possível e prestativa. Não nos esqueçamos que do pó viemos e do pó voltaremos, portante sejamos humanos de verdade em cada lidar desse momento sem o afastamento tradicional criado para que não aja um apego e consequentemente o sofrimento. São em momentos assim que podemos perceber de fato quem veio ao mundo para ser mais um ou veio ao mundo para ser a diferença. E o seu setor? Veio ao mundo para ser mais um ou ser a diferença? E você como pessoa? Faz a diferença dentro do seu trabalho?

                        Este post é uma homenagem ao meu avô Mario Gomes d' Almeida

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